Apesar de um vírus que assola não só o nosso país, como o mundo inteiro, eu tenho procurado enxergar o lado bom desse confinamento (não sei se existe um). Faz muitos meses que não escrevo. Hoje estou aqui para compartilhar a minha própria experiência de isolamento ao lado de uma xícara de café. Não sei mais em qual dia da quarentena estou. No início lembro o quanto foi difícil, pois eu estava vivendo uma crise pessoal, e de imediato veio a profissional e o isolamento. Eu sou professora, esposa, mãe, avó, tia e amiga. E se distanciar das pessoas que amo me causou muita dor. Dor da saudade! Lembro que acordei em um dia normal pronta pra viver mais um dia de trabalho, a rotina de sempre, um dia como outro qualquer. De um segundo para o outro fui avisada que aqueles rostinhos levariam certo tempo para eu rever. Não houve tempo de se despedir. De uma semana para outra tive que me reinventar. A aula online virou uma realidade e eu tive que me adaptar do dia para a noite. Precisei respirar fundo para transformar minhas aulas presenciais em um ambiente virtual de aprendizado com a única ferrementa que tinha: "Um celular com a memória cheia". Não houve tempo de treinamento, eu estava ali me deparando com algo novo, usando toda habilidade para fazer o melhor para as crianças. Me via sem fôlego, e, a angústia confesso que ainda toma conta de todo meu ser. Tenho dedicado esse período da quarentena para dominar as ferramentas de tecnologia e preparar as aulas, tornando-me protagonista desse novo cenário que não faço ideia de quando irá terminar. Ter ganho um celular novo do meu esposo no dia dos namorados salvou a minha "pátria". Talvez uma pessoa normal saberia lhe dar com esse inesperado que nos sobreveio melhor do que eu, pois para quem tem um histórico de ansiedade e passou por um acompanhamento médico é extremamente assustador. Eu não faço mais uso de medicação. "Era uma coisa que eu pensava já ter vencido e controlado". No entando, a pandemia chegou e com ela os velhos sintomas: Falta de ar, tristeza, insônia, dores e dificuldade de respirar. Uma das angústia é porque nem sempre todo esse esforço de oferecer uma aula de qualidade é valorizado. Ainda me encontro perdida. A frustração muitas vezes me alcança, me fazendo achar que os objetivos não estão sendo alcançados. Me disponibilizo de conteúdos leves e acessíveis para que eles tenham poucas dúvidas. Eu fico frustrada porque os conteúdos são obrigatórios, mas, nem todos os pais podem estar presente com a criança durante a aula. Muitos tem que trabalhar. Daí eu me pergunto: Para que estou trabalhando? Eu sempre fui muito acelerada, procurando dá conta de tudo e quando chega a noite o meu cérebro não para. São muitas coisas na cabeça de um ansioso. Isso é muito perigoso sabia? Eu sou apaixonada pelo meu trabalho, amo com todo meu coração, mas temo não dar conta. No meio de todas essas dificuldades eu renovei minha admiração ainda mais pela profissão escolhida. A gente tem um enorme potencial de se reinventar em todos os momentos e até nos mais difíceis. Ainda com toda essa tecnologia, nada substitui o educador em sala de aula. Porém, temos alguns vilões: "A culpa e a cobrança", eles ainda são grandes inimigos nossos. Há alguns dias atrás me deparei com minha melhor amiga sendo demitida em meio a essa crise. Nos abraçamos em uma via pública e não pude conter as lágrimas. O critério usado foi que ela não sabia expor suas aulas on line. Esse acontecimento me gerou uma enorme insegurança. Quem de nós será a próxima? Vocês não fazem ideia do quanto é desgastante e exaustivo criar todo esse ambiente virtual em sala de aula. Tenho confiança de que tudo logo irá melhorar e o tempo vai se encarregar de colocar tudo no lugar.