Eu queria sentir o abraço da minha mãe, queria poder contar pra ela que de novo me apaixonei e não deu certo. Queria ouví-la me dizer que amanhã quando eu acordar tudo isso vai ter passado, mas olha, não vai. A dor é assim mesmo. Massacra, arranha, esmaga a gente. Nos filmes e livros de romance, é tudo sempre lindo e poético demais, mas no mundo real, todo dia alguns corações são quebrados. Sabe aquele sonho, de um futuro lindo, aliança, altar, família, nova formatura, projetos. E de repente as coisas começam a perder o controle e o pequeno espaço que parecia enorme faz você perder o chão, o medo aparece dentro dessa pessoa valente que você pensava que era, e o seu estômago parece dar infinitas voltas dentro de você, causando um desconforto nunca antes sentido. Me apertei onde não havia espaço pra mim, mudei as cores da minha alma pra te agradar, aceitei coisas que doíam, calculei gestos e palavras, amassei meu coração, pisei em certezas pra me convencer que era coisa da minha cabeça. Tudo isso porque eu queria que você me amasse. Que tolice, meu Deus! O amor nos quer inteiros e jamais nos priva de ser quem realmente somos. Talvez não tenha sido fácil pra você que passa aqui nesse meu cantinho, mas, também não tem sido fácil ser eu. Eu não sei desviar da dor, só sei sentir e escrever sobre ela. É triste, é triste olhar pra mim hoje e perceber que já fui melhor. Eu olho pra mim e não me reconheço mais, e a ingenuidade eu nem sei onde deixei. É triste porque aos poucos vou me tornando fria e tantas desavenças me fazem agora duvidar das verdades. É triste porque eu sempre implodi ao invés de explodir e isso me deixou cicatrizes internas, que não doem mais, mas me fazem lembrar o que elas aos poucos me tornam. Hoje eu precisei chorar, chorei por tudo. Choro, porque depois da tempestade a mulher otimista que transbordava alegria vai sumindo aos poucos. Hoje escreve o desabafo, apaga, escreve de novo, apaga e desiste. É triste porque eu sempre quis não ser assim, e agora eu sou. Não quero mais que ninguém veja meu lado doce. Meu lado sonhadora que acredita no amor. Porque dói e é sem sentido. As quedas me fazem lembrar que meus pés não devem mais sair do chão. Eu sei que é horrível colocar a razão e a emoção no ringue pra ver qual das duas perde primeiro. Dói ver as coisas desabando. Eu sei que é tempestade repentina, mas esmaga meu peito ainda assim. Muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e eu não sei lidar, não sei equilibrar os sentimentos, qualquer pancada dói imensamente, a minha atitude sai diferente do que eu planejei, o tiro me mata antes de me acertar. Tudo de novo. já sei o final dessa história. Cansada de me esticar pra alcançar quem só insiste em partir. Se eu pudesse eu mesma me livraria de mim por uns dias. Tanta pancada da vida, tantas palavras que ficam marcadas. Quero colo, quero continuar chorando, depois eu enfrento a vida real, mas hoje não...hoje eu só quero ficar encolhida aqui. Só por hoje. Amanhã eu me levanto, me reinvento, acredito novamente que vai dar tudo certo, que vou me adaptar com a nova vida. Mas hoje não, hoje eu só oro baixinho e peço: Deus, tira essa amargura do meu peito. Eu não quero ser pessimista. Não quero achar que a realidade é mesmo essa, onde todos se beliscam e se escondem. Eu oro baixinho e digo que não quero essa revolta que de uma hora pra outra, se revela aqui. Não quero sentir raiva pelas quedas. Quero entender que todos erram e aceitar que o mundo está cheio de gente mentirosa. É difícil aceitar isso. Então eu oro porque eu não quero desacreditar do amor. Eu não quero ter um coração desorientado, medroso. Oro e peço que meu peito seja cicatrizado e que sempre tenha espaço para o perdão, e pra coisas verdadeiras. Que eu possa me enxergar com os teus olhos, e perceber a força que eu tenho. Que eu não me sinta fraca, burra por mais uma vez pensar que seria diferente. E poderia ser, eu juro que poderia. Me protege. Sei que não dá pra viver sem me machucar. Que eu entenda que não sou ingênua, apenas uma pessoa boa, dessas que está tão difícil de encontrar. Mas olha Deus, eu aprendi algo importante em meio a essa dor, aprendi que o errado continua sendo errado, mesmo quando todos estão fazendo, então não devo chorar por ser diferente, não devo chorar por acreditar e por amar. Eu não errei em ter amado...errei no destino do meu amor.