Sempre fui assim: Sonhadora. Sempre sonhei: Dormindo, acordada,
na fila do ônibus. Sonho sempre criando expectativas que me alimentam, que me
atropelam, me empurram para essa causa maior que chamamos de vida.
Expectativa é um sentimento que nunca vem sozinho. Vem junto
com os milhões de frios na barriga, mãos suando, telefones não tocando, os
olhos não vendo, a maquiagem borrando, o suspiro na hora errada, a insônia
eterna.
Viver assim é complicado, sabe? Ainda mais em um mundo
completamente individualista como o nosso – como se tornou o nosso – São
sentimentos que afloram do nada. Vontade de abraçar o mundo com as pernas,
sendo que minhas pernas tão curtas não abraçaria nem um terço. Alimento
qualquer sinal de luz no fim do túnel. Alimento expectativa no sorriso alheio,
e assim caminho: Juntando sempre cada caquinho meu espalhado por aí. Cada
caquinho que se quebra quando algumas dessas milhares de expectativas acerca de
mim, acerca de tudo, não se concretizam.