Minha fase de solidão...
O silêncio: algo tão presente na nossa vida, mas com o qual muito poucos sabem lidar, poucos mesmo. Tenho pensado muito nesse assunto nos últimos dias...
Quando digo silêncio, me refiro a um estado que vai além da ausência de sons – algo que se aproxima mais da solidão a que eu estou vivendo ultimamente por opção própria...
Sei lá, ando tão inconformada com algumas situações, que resolvi viver o tempo do silêncio...
O silêncio nos incomoda. Sentimos-nos mal quando ficamos sozinhos – seja numa festa, enquanto todas as outras pessoas conversam, seja em casa, quando não há mais ninguém por perto. No primeiro caso, o sentimento é de exclusão, no segundo, de estranhamento.
E, caso você seja semelhante a mim, você também não fica nesse estado por muito tempo. É angustiante. Tem de haver algum barulho – é muito mais confortante. Dessa forma, você entra em alguma roda de conversa, telefona para alguém, ou busca por algo bem mais sutil – que não produz nenhum som, mas ecoa lá dentro de nós – como, por exemplo, a leitura de um livro...
E o mais contraditório é que é justamente no silêncio que Deus se revela. É justamente no silêncio que podemos ser nós mesmos, para nós mesmos e para Deus. É justamente no silêncio que aprenderemos mais sobre nossa essência e a de Deus.
No caso, a lógica é contrária ao instinto. Achamos que Jesus sofreu ficando 40 dias no deserto e muitas outras madrugadas sozinho. Engano! Ele sofreria muito mais se não fosse assim.
Mas não me entenda mal. Não estou dizendo que você não pode buscar a Deus no barulho do ônibus indo para a faculdade, trabalho, nem que ELE não pode se revelar a você em uma música. Conforme já disse no início, o silêncio a que me refiro é mais um estado de espírito do que uma ausência de som, apesar de que o último desmascara o primeiro...
Muito menos estou sendo contra a socialização em uma festa (muito pelo contrário: se você está numa reunião de pessoas, creio que você não deve desperdiçar a oportunidade de crescer em amor com as pessoas presentes) – só estou afirmando que o ficar sozinho não deveria ser incômodo para nós.
Falando por mim, definitivamente não sei conviver com essas situações (estou aprendendo). Mas, pensando no longo prazo, com certeza seria melhor desarmar e aprender a lidar com ela.
Silenciosamente se instalou na minha garganta um grito que tem me feito caminhar por entre as madrugadas, tentando sobreviver nesta sociedade tão barulhenta, discriminatória e tão desprovida de afetos...
“Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflição, mas tendes bom ânimo; eu venci o mundo”.
(Jo 16: 33)